Fundamentos Legais da Remição
A base normativa da remição encontra-se no artigo 126 da Lei de Execução Penal. Originalmente, previa-se apenas a possibilidade de remição pelo trabalho. Com o advento da Lei nº 12.433/2011, ampliou-se a previsão para estudos, sejam eles presenciais ou à distância, com regras específicas estabelecidas também pelos Conselhos Nacionais de Educação e de Justiça.
A remição pela leitura não está expressamente prevista na LEP, mas foi reconhecida e regulamentada por meio de resoluções, como a Resolução nº 391/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que estabelece parâmetros para a sua implementação, incluindo a seleção de obras, prazos de leitura e formas de avaliação do aproveitamento.
Critérios para a Remição pela Leitura
Segundo a normativa do CNJ, a cada obra lida e objeto de resenha individual, avaliada por uma comissão, pode-se reduzir um determinado número de dias da pena, respeitando um limite anual. A escolha da obra deve ser compatível com o nível de escolaridade do apenado e contribuir para sua formação cultural ou profissional.
O processo inclui: seleção prévia de títulos, registro da entrega e devolução do livro, elaboração de resumo ou resenha pelo condenado e avaliação por comissão idônea e imparcial. Assim, assegura-se não apenas a correção do procedimento, mas também a efetividade do ganho educativo e ressocializador.
Imparcialidade e Controle do Procedimento
Um dos pontos centrais do instituto é a necessidade de que a avaliação das resenhas seja conduzida por uma comissão imparcial. A ausência desse controle pode comprometer a validade da remição, gerar impugnações e ocasionar discussões judiciais sobre abuso de poder ou cerceamento de direito.
Essa exigência de imparcialidade decorre não apenas do princípio constitucional da isonomia e da dignidade da pessoa humana, mas também da interpretação do artigo 5º, inciso LIV, da Constituição, que consagra o devido processo legal. Dentro da execução penal, o processo administrativo para concessão de remição deve observar esses preceitos.
Aspectos Práticos para a Advocacia
Para advogados que atuam na execução penal, é fundamental acompanhar as oportunidades de remição, solicitando a inclusão dos clientes em programas educativos e garantindo que todas as etapas sejam registradas documentalmente. A ausência de documentos comprobatórios pode inviabilizar a remição, mesmo com a efetiva realização da leitura.
O profissional também deve estar atento a excessos ou restrições ilegais nos regulamentos internos das unidades prisionais, impugnando-os quando incompatíveis com a normativa federal ou com resoluções vinculantes. O acompanhamento proativo aumenta as chances de sucesso e evita a perda do direito por falhas formais.
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Conexões com Política Criminal e Direitos Humanos
A remição pela leitura vai além de um simples benefício de redução de pena: ela se insere na política de recuperação de internos e no atendimento ao artigo 1º da LEP, que visa efetivar a harmonização do condenado com a vida social. Ao proporcionar acesso à cultura e ao conhecimento, o Estado promove um meio de reduzir a reincidência, criando caminhos para novas perspectivas de vida.
Organismos internacionais, como a ONU, recomendam o uso de programas educacionais no cárcere como ferramenta de reintegração social. O Brasil, ao implementar a remição pela leitura, alinha-se a boas práticas internacionais, ainda que o desafio esteja na efetivação uniforme e no controle de qualidade do procedimento.
Desafios e Controvérsias
Apesar dos benefícios, há questões que rendem debates. Entre elas, a delimitação do conceito de “obra lida” para efeito de remição, critérios objetivos de avaliação, quantidade máxima de dias remidos e requisitos de escolaridade. A interpretação pode variar entre diferentes tribunais, gerando certa insegurança jurídica.
Outro ponto controverso é o possível uso do instituto sem foco no desenvolvimento real do apenado, transformando-se apenas em um mecanismo para redução de pena sem ganho cultural efetivo. Por isso, a presença de uma comissão avaliadora qualificada é essencial para manter a integridade do programa.
Impactos no Sistema Prisional
A adoção da remição pela leitura impacta a rotina carcerária, exigindo logística adequada para a seleção e circulação de obras, acompanhamento individualizado e estrutura para avaliação. Em contrapartida, pode-se observar melhora no ambiente prisional, estímulo ao cumprimento de regras e engajamento dos internos.
Ao lado das atividades laborais e educacionais tradicionais, a leitura se apresenta como opção viável e de relativo baixo custo, com benefícios significativos para o progresso penal do condenado e para a gestão da população carcerária.
Considerações Finais
A remição pela leitura é um instrumento valioso para o sistema jurídico-penal brasileiro. Ao conjugar ressocialização, acesso à cultura e incentivo educacional, cumpre importante papel na política criminal. No entanto, sua aplicação exige observância rígida a critérios de imparcialidade, regularidade e comprovação de mérito.
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Insights
A remição pela leitura é um avanço importante na execução penal, mas sua eficácia depende da correta aplicação normativa. O fortalecimento do procedimento e do controle imparcial garante segurança jurídica e promove uma política ressocializadora eficaz. Profissionais que dominam o tema têm vantagem na atuação em execuções penais e no acompanhamento estratégico de seus clientes.
Perguntas e Respostas
O que é a remição pela leitura?
É uma forma de reduzir a pena do condenado mediante a leitura de livros e a elaboração de resenhas avaliadas, seguindo regulamento específico.
Qual a base legal para a remição da pena?
A remição está prevista no artigo 126 da Lei de Execução Penal, sendo a leitura regulamentada por resoluções do CNJ.
Quem avalia as resenhas para concessão do benefício?
Uma comissão imparcial indicada pelo regulamento da unidade prisional e supervisionada segundo normas do CNJ.
Quantos dias de pena podem ser remidos por leitura?
Depende do número de obras lidas e da regulamentação local, sempre respeitando limites anuais fixados pelas normas.
Qual o papel do advogado na remição pela leitura?
Garantir a inclusão do cliente no programa, acompanhar o cumprimento das exigências, assegurar documentação adequada e impugnar irregularidades no processo.
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Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm#art126
Este artigo teve a curadoria da equipe da Legale Educacional e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir do seu conteúdo original disponível em https://www.conjur.com.br/2025-ago-15/leitura-pode-levar-a-reducao-de-pena-se-for-atestada-por-comissao-imparcial-diz-stj/.