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Execução Fiscal de Baixo Valor: Estratégias de Extinção

Artigo de Direito
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A Racionalidade Econômica na Execução Fiscal: Entre a Eficiência e o Risco do “Calote Institucionalizado”

A execução fiscal representa historicamente o maior gargalo do Poder Judiciário brasileiro. No entanto, a recente “revolução silenciosa” promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) trouxe ao centro do debate a racionalidade econômica e o princípio da eficiência. O operador do Direito deve compreender que a movimentação da máquina judiciária possui um custo elevado — dados do IPEA e do CNJ indicam milhares de reais por processo — que, em muitas situações, supera o valor do crédito tributário perseguido. Essa desproporção gerou uma mudança de paradigma, mas que exige uma leitura crítica para não ser confundida com impunidade.

Essa análise transcende a gestão processual e toca em uma tensão constitucional sensível. De um lado, a eficiência (art. 37 da CF/88) veda o desperdício de recursos públicos em demandas antieconômicas. De outro, surge o risco moral (moral hazard): ao se estabelecer barreiras para a cobrança judicial, cria-se, na prática, uma espécie de “imunidade” para pequenos devedores contumazes? O advogado tributarista precisa navegar por essa zona cinzenta, onde a defesa do contribuinte se cruza com a necessidade de isonomia fiscal.

O Tema 1184 do STF e a Resolução 547 do CNJ: O Novo Tabuleiro

A discussão sobre o valor mínimo para ajuizamento ganhou contornos definitivos com o Tema 1184 da Repercussão Geral no STF e a edição da Resolução 547 do CNJ. O entendimento consolidado é de que é legítima a extinção de execução fiscal de baixo valor por falta de interesse de agir, desde que não haja tentativa prévia de conciliação ou adoção de solução administrativa. O CNJ estabeleceu o teto de R$ 10.000,00 para esse tratamento diferenciado.

Contudo, a aplicação dessa diretriz não é automática nem isenta de polêmicas processuais. O advogado diligente não deve apenas aguardar a extinção, mas atuar proativamente:

  • O conceito fluido de “não localização de bens”: A resolução permite a extinção quando não há bens localizados. Mas o que define essa ausência? Uma simples pesquisa infrutífera no Sisbajud basta, ou a Fazenda deve exaurir o Renajud e o Infojud? Essa é uma tese de defesa crucial.
  • O ônus da prova: A “falta de interesse de agir” pressupõe que o Fisco não tentou a via administrativa. Demonstrar essa negativa pode ser complexo e é onde a batalha jurídica muitas vezes acontece.

Para dominar essas nuances e identificar quando uma ação pode ser atacada preliminarmente, o aprofundamento técnico oferecido no curso de Execução Fiscal e os Meios de Defesa do Contribuinte é essencial, permitindo ao profissional economizar tempo e blindar seu cliente contra abusos procedimentais.

A Armadilha para Gestores Municipais e a LRF

Um ponto de tensão constante envolve os Municípios e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Embora a jurisprudência superior autorize a não judicialização, a realidade dos Tribunais de Contas (TCEs) é heterogênea. Um Procurador Municipal que deixa de ajuizar uma dívida baseando-se apenas em princípios gerais, sem uma Lei Municipal autorizativa robusta, corre sério risco de responder por renúncia de receita ou prevaricação.

Portanto, a “eficiência” não é um escudo absoluto. A segurança jurídica para o gestor depende da existência de legislação local que espelhe as diretrizes nacionais. Para o advogado que atua na defesa ou na consultoria pública, analisar a legislação específica do município é vital: se a execução foi ajuizada contrariando lei local de anistia ou de piso mínimo, a nulidade é patente.

Protesto de CDA e Transação Tributária: Além da Judicialização

Com a restrição ao Judiciário, os entes federados fortaleceram o protesto da Certidão de Dívida Ativa (CDA), validado pelo STF na ADI 5135. Todavia, é preciso cautela com a ideia de que o protesto resolve tudo. Para grandes empresas, a restrição ao crédito é mortal; para o devedor pessoa física de baixa renda, muitas vezes já negativado, o protesto pode ser inócuo.

O verdadeiro futuro da cobrança não está apenas na coerção do protesto, mas na Transação Tributária. Essa ferramenta permite negociações, descontos e parcelamentos que trazem racionalidade real à recuperação do crédito, superando a lógica binária do “pagar ou ser executado”. O advogado moderno deve ser um negociador hábil, capaz de instruir pedidos de transação que sejam vantajosos para o contribuinte e aceitáveis para o Fisco.

Compreender esse macrocosmo, que vai da defesa judicial à negociação administrativa, exige especialização contínua. Uma Pós-Graduação em Direito Tributário e Processo Tributário oferece a base teórica e prática necessária para atuar nesse cenário de desjudicialização.

A Batalha dos Honorários e a Prescrição

Por fim, dois pontos críticos que o “marketing jurídico” costuma ignorar, mas que afetam o bolso do advogado e do cliente:

1. Honorários de Sucumbência em Extinção em Massa: Se o juiz extingue a execução com base na Resolução 547/CNJ (falta de interesse de agir), quem paga o advogado do contribuinte que já havia apresentado defesa? A aplicação do princípio da causalidade aqui é controversa e o STJ possui precedentes conflitantes. O advogado deve lutar para garantir que a extinção não prejudique a verba honorária devida pelo trabalho realizado.

2. Prescrição Intercorrente Administrativa: Muito se fala da prescrição no processo judicial (art. 40 da LEF). Mas, com a cobrança migrando para a esfera administrativa, o advogado deve estar atento à prescrição do processo administrativo de cobrança. A inércia do Fisco fora do Judiciário também mata o crédito, e essa é uma linha de defesa poderosa.

O cenário atual exige menos contestação padronizada e mais estratégia cirúrgica. Quer dominar as nuances da cobrança tributária e se destacar na defesa dos seus clientes? Conheça nosso curso Execução Fiscal e os Meios de Defesa do Contribuinte e transforme sua carreira.

Insights sobre o Tema

  • Racionalidade vs. Justiça: A eficiência econômica não pode atropelar o devido processo legal nem criar castas de devedores imunes.
  • O Perigo da Generalização: A Resolução 547 do CNJ é uma diretriz, não uma mágica. Cada caso exige análise de se houve real tentativa de localização de bens.
  • Defesa Técnica: A melhor defesa hoje pode não ser uma peça processual, mas um pedido de Transação Tributária bem fundamentado.
  • Honorários em Risco: A extinção de ofício pelo juiz pode esconder uma armadilha para os honorários de sucumbência; o advogado deve estar atento.

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Acesse a lei relacionada em Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980

Este artigo teve a curadoria da equipe da Legale Educacional e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir do seu conteúdo original disponível em https://www.conjur.com.br/2025-dez-15/execucao-fiscal-de-baixo-valor-evolucao-e-analise-juridica/.

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