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Guia do Recurso de Revista: Estratégias de Sucesso no TST

Artigo de Direito
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A Advocacia de Elite nos Tribunais Superiores: Técnica, Estratégia e a Realidade do TST

A atuação perante as cortes superiores exige do profissional do Direito muito mais do que uma mudança de mentalidade; exige uma reformulação completa da técnica processual. Diferente das instâncias ordinárias, onde o reexame de fatos e provas é permitido e muitas vezes o foco central da lide, a advocacia em Brasília, especificamente no Tribunal Superior do Trabalho (TST), demanda um rigor cirúrgico.

O advogado que deseja transitar com êxito na Corte Superior precisa compreender que o TST não funciona como uma terceira instância de revisão. O seu papel constitucional é a uniformização da jurisprudência e a garantia da integridade da legislação federal. Por isso, a construção de uma carreira sólida nessa esfera depende do domínio dos filtros processuais que, na prática, barram a imensa maioria dos recursos.

Súmula 126: Do Reexame de Fatos ao Reenquadramento Jurídico

A Súmula 126 do TST é o obstáculo mais conhecido, vedando o reexame de fatos e provas. Contudo, o advogado de alta performance sabe que essa barreira não é absoluta. Existe uma “zona cinzenta” fundamental: a distinção entre reexame de fatos (proibido) e valoração da prova ou reenquadramento jurídico (permitido).

O erro na qualificação jurídica dos fatos descritos no acórdão regional permite o conhecimento do recurso. O advogado não deve tentar alterar a premissa fática (ex: dizer que “havia controle de jornada” quando o TRT disse que não havia), mas sim argumentar sobre as consequências jurídicas daquele fato delineado.

  • Exemplo Prático: Se o TRT descreve que o empregado trabalhava externamente com uso de celular e GPS, mas conclui que isso não configura controle (negando horas extras), o recurso não deve discutir se ele trabalhava externamente ou não. A estratégia é demonstrar que, mesmo com os fatos narrados pelo Regional, a tecnologia moderna configura controle jurídico, violando o Art. 62 da CLT. Essa sutileza técnica é o que separa o sucesso do fracasso.

A “Carpintaria” do Recurso: O Rigor do Art. 896, § 1º-A da CLT

Muitos recursos excelentes no mérito morrem na forma. A advocacia no TST tornou-se um exercício de precisão formal, regido pelo Art. 896, § 1º-A, da CLT. Não basta alegar a violação; é necessário cumprir requisitos estritos de admissibilidade que funcionam como um verdadeiro “checklist” de sobrevivência:

  1. Transcrição Exata: É obrigatório transcrever o trecho exato do acórdão recorrido que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Transcrever a página inteira ou o acórdão todo resulta em não conhecimento.
  2. Destaque Visual: O trecho deve ser destacado (negrito ou sublinhado) para facilitar a localização da tese pelo julgador.
  3. Cotejo Analítico: O advogado deve realizar o confronto direto e analítico entre o trecho destacado e a norma violada ou a jurisprudência divergente.

A falha em qualquer um desses passos — uma verdadeira “carpintaria” processual de recorte e cole — é fatal para a pretensão recursal.

A Realidade do Agravo de Instrumento (AIRR)

Uma omissão comum ao se estudar a teoria recursal é ignorar a batalha travada na origem. Estatisticamente, a grande maioria dos Recursos de Revista tem seu seguimento denegado pelos Tribunais Regionais. Portanto, o advogado passará muito mais tempo redigindo o Agravo de Instrumento em Recurso de Revista (AIRR) para “destrancar” o apelo principal do que sustentando na tribuna.

A técnica aqui exige atenção redobrada à Súmula 422 do TST: é imperativo impugnar especificamente todos os fundamentos do despacho denegatório. Recursos genéricos, que apenas repetem os argumentos do Recurso de Revista, são sumariamente rejeitados. O domínio do AIRR é, na prática, 90% da batalha processual.

A Transcendência como Filtro de Gestão de Acervo

A Reforma Trabalhista introduziu a transcendência (Art. 896-A da CLT) sob os aspectos econômico, político, social e jurídico. Embora a lei apresente critérios, na prática forense, a transcendência tem sido utilizada como um rigoroso instrumento de política judiciária e gestão de acervo.

Muitas vezes, a transcendência é negada monocraticamente pelo Relator. O desafio do advogado não é apenas abrir um tópico preliminar alegando a transcendência, mas vincular essa relevância a uma violação frontal e inegável da Constituição ou de Súmula Vinculante. A “transcendência jurídica” (questão nova), por exemplo, é raríssima de ser aceita. O profissional deve estar preparado para demonstrar que o seu caso não é apenas mais um, mas que possui impacto sistêmico que justifica a movimentação da máquina do Tribunal Superior.

Estratégia Moderna: Memoriais e Legal Design

A técnica escrita é fundamental, mas a atuação estratégica presencial ou virtual mudou drasticamente. Com o volume desumano de processos e o acesso físico restrito aos gabinetes, a entrega de memoriais precisa ser repensada.

Esqueça os memoriais densos e repetitivos. A estratégia vencedora envolve o uso de Legal Design e extrema concisão. O material deve ter, no máximo, três páginas, ser visualmente agradável e ir direto ao ponto nevrálgico da controvérsia (o “erro de julgamento”). A entrega deve ser feita preferencialmente aos assessores, que realizam a triagem inicial, focando na demonstração visual da tempestividade, do prequestionamento e da violação legal.

Conclusão e Preparação Técnica

A atuação perante o Tribunal Superior do Trabalho não permite amadorismo. É um jogo de xadrez processual onde o conhecimento do Regimento Interno, das Súmulas processuais e da “política” da corte vale tanto quanto o conhecimento do Direito Material.

O mercado jurídico valoriza imensamente o profissional que consegue reverter decisões desfavoráveis e “destrancar” recursos nas instâncias superiores. Isso exige dedicação, atualização constante e um domínio técnico que vai muito além da graduação.

Para quem busca compreender essas nuances, dominar a redação do Agravo de Instrumento e atuar com excelência técnica, a especialização é o caminho obrigatório. O curso de Pós em Direito Processual do Trabalho Aplicado oferece o arcabouço prático necessário para transformar a sua advocacia e navegar com segurança nessas águas turbulentas. Já para uma visão mais ampla, a Pós-Graduação em Direito do Trabalho e Processo é essencial para aprofundar as teses de direito material que darão base aos seus recursos.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em Consolidação das Leis do Trabalho – CLT

Este artigo teve a curadoria da equipe da Legale Educacional e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir do seu conteúdo original disponível em https://www.conjur.com.br/2025-dez-05/peixoto-cury-advogados-contrata-ex-ministro-do-tst-e-inaugura-nova-sede-em-brasilia/.

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