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Sucessão cônjuge e companheiro: direitos atualizados na prática jurídica

Artigo de Direito
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Direito Sucessório: Natureza, abrangência e desafios contemporâneos

O Direito Sucessório representa uma das áreas mais sólidas e dinâmicas do Direito Civil, trazendo consigo discussões profundas sobre patrimônio, afetividade, política familiar e segurança jurídica. O tema central neste contexto envolve a sucessão do cônjuge e do companheiro, questão que suscita debates não apenas doutrinários, mas também de política legislativa e social.

No Brasil, a legislação civil tem sofrido transformações importantes desde a promulgação do Código Civil de 2002, especialmente em relação aos direitos sucessórios dessas figuras. Novas interpretações são constantemente fomentadas pela doutrina e pela jurisprudência, buscando adaptar velhas regras à crescente pluralidade das entidades familiares e às demandas sociais contemporâneas.

Panorama da sucessão no Brasil: Princípios e fundamentos

O Direito das Sucessões disciplina a transferência do patrimônio de uma pessoa após a sua morte, sendo regido por princípios como o da autonomia da vontade (permitindo a realização de testamento dentro dos limites legais) e o da proteção da família (assegurando cotas mínimas aos herdeiros necessários).

A sucessão pode ocorrer de forma legítima (determinada pela lei, na ausência de testamento) ou testamentária (conforme a vontade do falecido). O artigo 1.829 do Código Civil estabelece uma ordem de vocação hereditária, priorizando descendentes, ascendentes, cônjuge e, na ausência destes, colaterais até o quarto grau.

No contexto sucessório, o papel do cônjuge e do companheiro sempre gerou discussões. Enquanto o cônjuge formalmente casado já encontrava previsão clara na lei, o companheiro só passou a ser praticamente equiparado há poucas décadas, após intensa reivindicação por igualdade patrimonial entre as diversas entidades familiares.

O cônjuge na ordem de vocação hereditária

No regime estabelecido pelo Código Civil de 2002, o cônjuge ocupa posição relevante na ordem de vocação hereditária. Dependendo do regime de bens adotado, sua concorrência com outros herdeiros pode ganhar contornos distintos.

Pelo artigo 1.829, o cônjuge sobrevivente só concorre com descendentes se o regime de bens não for o da comunhão universal ou separação obrigatória. Se concorre com ascendentes, sua cota será igual à destes. Na ausência destes, será herdeiro necessário, amealhando a totalidade do patrimônio.

A legislação, portanto, buscou equilibrar a posição do cônjuge na sucessão, atrelando seus direitos tanto ao regime de bens quanto à natureza da relação familiar, ao mesmo tempo em que preserva a vontade do de cujus, se manifestada em testamento.

O companheiro: evolução legal e jurisprudencial

A união estável é reconhecida pela Constituição Federal desde 1988 como entidade familiar. O artigo 1.725 do Código Civil equipara, para efeitos legais, a união estável ao casamento, abrindo espaço para uma discussão acerca da sucessão do companheiro.

Originalmente, o artigo 1.790 previa tratamento distinto ao companheiro, atribuindo-lhe direitos sucessórios inferiores aos do cônjuge, tanto em relação ao quinhão quanto à ordem de vocação. Essa diferenciação foi objeto de críticas doutrinárias, sendo considerada inconstitucional por diversos juristas.

A mudança paradigmática ocorreu em 2017, com o julgamento do STF nos Recursos Extraordinários 646.721 e 878.694, quando se consolidou o entendimento de que os companheiros possuem os mesmos direitos sucessórios dos cônjuges. O fundamento foi a proteção à família plural e à igualdade material entre as diversas formas de constituição familiar, nos termos do artigo 226 da Constituição.

Com isso, o artigo 1.790 deixou de produzir efeitos, sendo aplicado aos companheiros o mesmo regime sucessório do artigo 1.829, corrigindo uma histórica distinção que não mais se justificava à luz dos preceitos constitucionais.

Desafios práticos: Prova da união estável, regimes de bens e planejamento sucessório

A equiparação sucessória entre cônjuge e companheiro, apesar de avanços significativos, traz desafios práticos de grande relevância para o operador do Direito.

O principal desafio está na comprovação da união estável, que, diferentemente do casamento, não conta com um marco formal objetivo. A existência da relação afetiva, duradoura e pública deve ser provada por meio de um conjunto de elementos fáticos. Isso gera grande litigiosidade e demanda atenção especial na atuação advocatícia, seja em consultoria ou em contencioso.

O regime de bens aplicável à união estável, salvo pacto, é o da comunhão parcial (art. 1.725, CC). As consequências sucessórias, entretanto, variam conforme a existência de bens particulares, comunicáveis ou adquiridos onerosamente na constância da união, o que exige análise técnica minuciosa para correta orientação do cliente.

A atuação preventiva, por meio de pactos antenupciais, contratos de convivência e testamentos, torna-se fundamental. A consultoria jurídica nessa seara requer domínio tanto das nuances legais quanto dos mais recentes entendimentos doutrinários e jurisprudenciais. Profissionais que dominam o tema contribuem para a efetiva proteção patrimonial e familiar de seus clientes, além de minimizar a ocorrência de litígios.

Nessa perspectiva, o aprofundamento em Direito das Famílias e Sucessões é essencial. Capacitações voltadas para a prática sucessória, como a Pós-Graduação em Advocacia no Direito de Família e Sucessões, são determinantes para a excelência profissional nessa área.

Perspectivas legislativas: Reflexos e debates em curso

Periodicamente, novos projetos de lei tentam alterar a ordem de vocação hereditária ou restringir/excluir o direito sucessório do cônjuge ou companheiro. Esses projetos refletem debates intensos acerca da natureza da sucessão, do papel da família e da interferência estatal na autonomia privada.

Destaca-se que intervenções legislativas não podem colidir com princípios constitucionais consolidados: direito à igualdade, proteção das entidades familiares e segurança jurídica. Qualquer proposta que pretenda restringir ou suprimir direitos deverá ser analisada sob a perspectiva da constitucionalidade, sendo certo que retrocessos encontram rígida resistência tanto na doutrina quanto nos tribunais superiores.

Sendo assim, é tarefa do advogado manter-se constantemente atualizado a respeito de tais movimentos e debates, para correta interpretação e aplicação do ordenamento jurídico vigente em defesa dos interesses dos seus clientes.

Jurisprudência aplicável: Interpretação dos tribunais superiores

A jurisprudência dos tribunais superiores, especialmente do STF e do STJ, desempenha papel fundamental na consolidação das regras sucessórias em relação ao cônjuge e companheiro.

O leading case já citado do STF pôs fim às discussões sobre a constitucionalidade da equiparação do companheiro ao cônjuge, orientando toda a atuação dos tribunais inferiores. Por sua vez, o STJ, analisando questões relacionadas ao regime de bens, à partilha e à situação do companheiro sobrevivente, tem sedimentado entendimentos que priorizam a estabilidade das relações jurídicas e a justiça sucessória.

Na atuação diária, é imprescindível consultar os principais precedentes para fundamentar teses e evitar decisões surpresa, reforçando a importância do estudo aprofundado do tema.

Destaques para o advogado: Prática, prevenção e oportunidades

A correta orientação acerca dos direitos sucessórios do cônjuge e do companheiro evita litígios familiares longos e traumáticos, além de angariar maior segurança jurídica para o cliente.

O advogado deve ir além da mera atuação contenciosa, assumindo papel estratégico na elaboração de planejamentos sucessórios, instrumentos de proteção patrimonial, regularização de regimes de bens e formalização de situações fáticas. Ferramentas como testamentos, contratos e escrituras públicas são indispensáveis a uma advocacia preventiva de excelência.

Além disso, o domínio dessas questões abre oportunidades no mercado de consultoria, mediação de conflitos familiares, planejamento sucessório familiar e empresarial. O profissional que alia conhecimento técnico atualizado à habilidade de comunicação clara e empática diferencia-se no cenário jurídico.

Conclusão

O Direito Sucessório, especialmente no que tange à posição do cônjuge e do companheiro, permanece em constante evolução. Advogados e demais operadores do Direito precisam acompanhar cada transformação legal, doutrinária e jurisprudencial, para atuar de maneira proativa, estratégica e humanizada. Tais cuidados garantem proteção efetiva ao patrimônio, à dignidade e à autonomia da vontade, valores centrais do ordenamento jurídico brasileiro.

Quer dominar o Direito Sucessório aplicado à realidade das famílias e se destacar na advocacia? Conheça nossa Pós-Graduação em Advocacia no Direito de Família e Sucessões e transforme sua carreira.

Insights para profissionais do Direito

1. O mapeamento sucessório adequado reduz litígios familiares de alta complexidade após a morte de um dos conviventes.

2. Pactos antenupciais, contratos de convivência e testamentos são ferramentas indispensáveis para segurança jurídica.

3. A evolução da jurisprudência pode superar resistências legislativas e doutrinárias, consolidando direitos antes tidos como controversos.

4. O aprofundamento no Direito das Famílias e Sucessões abre espaço para atuação preventiva, estratégica e diferenciada no mercado jurídico.

5. O domínio das nuances sucessórias é também vital no assessoramento patrimonial de empresas e famílias empresárias.

Perguntas e respostas frequentes

1. O companheiro sobrevivente tem os mesmos direitos hereditários do cônjuge casado?

Sim. Desde o julgamento do STF em 2017, companheiro e cônjuge compartilham a mesma ordem de vocação hereditária, nos termos do artigo 1.829 do Código Civil.

2. Como se comprova a união estável para fins sucessórios?

A união estável é comprovada por meio de documentos e testemunhos que demonstrem relação duradoura, pública e com objetivo de constituição de família, podendo envolver declaração perante cartório, contratos ou decisões judiciais.

3. O regime de bens da união estável influencia a sucessão?

Sim. Por regra, a união estável adota a comunhão parcial de bens, salvo pacto em contrário, o que impacta diretamente no patrimônio herdável e na partilha.

4. O cônjuge ou companheiro pode ser excluído da sucessão por testamento?

Somente até o limite da parte disponível, pois tanto cônjuge quanto companheiro são considerados herdeiros necessários, salvo casos de exclusão ou indignidade previstos em lei.

5. Há diferença entre a sucessão do cônjuge casado no civil e do convivente em união estável homoafetiva?

Atualmente, não. O STF e o STJ reconhecem plena igualdade sucessória entre uniões estáveis homoafetivas e heteroafetivas, com aplicação das mesmas regras do artigo 1.829 do Código Civil.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em Código Civil – Lei nº 10.406/2002

Este artigo teve a curadoria da equipe da Legale Educacional e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir do seu conteúdo original disponível em https://www.conjur.com.br/2025-ago-30/a-morte-dos-direitos-sucessorios-do-conjuge-e-do-companheiro-propostos-no-novo-codigo-civil/.

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