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“Assédio Moral na Administração Pública: Aspectos Legais e Implicações Jurídicas”

Artigo de Direito
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Assédio Moral na Administração Pública: Implicações e Repercussões Jurídicas

Introdução ao Assédio Moral

O assédio moral é um fenômeno de crescente preocupação na sociedade contemporânea, especialmente no contexto da administração pública. Essa prática se refere a comportamentos hostis e repetitivos que visam constranger, humilhar ou desestabilizar um indivíduo em seu ambiente de trabalho. A natureza do assédio moral se revela nas relações hierárquicas, onde, muitas vezes, a dinâmica de poder é utilizada para submeter o funcionário a situações de abuso psicológico.

Fundamentação Legal do Assédio Moral

No âmbito jurídico, o assédio moral na administração pública não está diretamente regulamentado por uma única norma. No entanto, diversas legislações e princípios permeiam a questão. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, assegura ao trabalhador o direito a um ambiente de trabalho saudável e respeitoso. Assim, práticas como o assédio moral vão de encontro ao entendimento constitucional que garante dignidade e respeito ao empregado.

Além disso, a Lei 8.112/1990, que regula o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, estabelece deveres e direitos dos servidores, incluindo a promoção do respeito mútuo. O assédio moral, portanto, constitui uma violação desses deveres e pode resultar em sanções administrativas para os infratores.

Elementos do Assédio Moral

Para configurar o assédio moral, é necessário que se verifiquem algumas condições. Primeiramente, é preciso que haja uma conduta reiterada e sistemática de hostilidade. O comportamento hostil deve ser direcionado a uma pessoa específica, causando-lhe sofrimento e comprometendo seu desenvolvimento profissional e suas condições psicológicas.

Os elementos caracterizadores do assédio moral incluem:

1. **A Repetição**: A conduta hostil deve ocorrer de forma reiterada, não se configurando em um ato isolado.
2. **A Intenção**: É fundamental que haja a intenção de causar dano ou perturbação à vítima.
3. **O Resultado**: O comportamento deve resultar em consequências prejudiciais à saúde mental e emocional do trabalhador.

A Jurisprudência em Casos de Assédio Moral

A jurisprudência brasileira tem se mostrado receptiva em acolher casos de assédio moral na administração pública, reconhecendo a sua gravidade. Diversas decisões judiciais têm destacado a necessidade de um ambiente de trabalho respeitoso e isento de perseguições e humilhações.

As ações de assédio moral podem ser promovidas tanto no âmbito administrativo, por meio de sindicâncias e processos disciplinares, quanto no âmbito judicial. O trabalhador que se sente vítima de assédio moral pode pleitear reparação por danos morais, cujos valores são definidos com base na gravidade do ato e sua repercussão na vida da vítima.

Consequências do Assédio Moral

As consequências do assédio moral ultrapassam o âmbito psicológico da vítima, atingindo também a função do serviço público. O ambiente tóxico prejudica não apenas o setor atacado, mas pode comprometer a eficiência e a cidadania do serviço prestado à sociedade. Além disso, os custos com afastamentos e tratamentos de saúde aumentam a carga financeira da máquina pública.

Para o servidor público, as consequências podem incluir afastamentos por motivos de saúde, redução do rendimento e até mesmo a possibilidade de demissão, em casos onde se verifica a falta de capacidade para o exercício da função em virtude de problemas gerados pelo assédio.

Direitos dos Servidores e Mecanismos de Proteção

Os servidores públicos têm direito à proteção contra práticas de assédio moral. A garantia deste direito pode ser observada através de políticas públicas de recursos humanos que promovam um ambiente de trabalho saudável. As instituições devem implementar códigos de ética e conduta, além de estabelecer canais de denúncia que assegurem a confidencialidade e a proteção dos denunciantes.

Outra importante ferramenta é a educação continuada, onde os servidores são capacitados a reconhecer e lidar com situações de assédio moral. As campanhas de conscientização são essenciais para a construção de um ambiente de respeito e dignidade no âmbito público.

Considerações Finais

O assédio moral na administração pública é um tema relevante e complexo que exige atenção dos profissionais do Direito. A luta contra essa prática envolve a interpretação das normas, a aplicação da jurisprudência e a análise das políticas públicas. Um ambiente de trabalho saudável não é apenas um dever dos gestores, mas também um direito fundamental dos servidores, sendo essencial a conscientização e a atuação efetiva no combate ao assédio moral. Ao aprofundar-se nesse tema, os advogados e profissionais da área têm a responsabilidade de contribuir para um serviço público mais ético e respeitoso, promovendo a dignidade de todos os envolvidos.

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Este artigo teve a curadoria de Marcelo Tadeu Cometti, CEO da Legale Educacional S.A. Marcelo é advogado com ampla experiência em direito societário, especializado em operações de fusões e aquisições, planejamento sucessório e patrimonial, mediação de conflitos societários e recuperação de empresas. É cofundador da EBRADI – Escola Brasileira de Direito (2016) e foi Diretor Executivo da Ânima Educação (2016-2021), onde idealizou e liderou a área de conteúdo digital para cursos livres e de pós-graduação em Direito.

Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, 2001), também é especialista em Direito Empresarial (2004) e mestre em Direito das Relações Sociais (2007) pela mesma instituição. Atualmente, é doutorando em Direito Comercial pela Universidade de São Paulo (USP).Exerceu a função de vogal julgador da IV Turma da Junta Comercial do Estado de São Paulo (2011-2013), representando o Governo do Estado. É sócio fundador do escritório Cometti, Figueiredo, Cepera, Prazak Advogados Associados, e iniciou sua trajetória como associado no renomado escritório Machado Meyer Sendacz e Opice Advogados (1999-2003).

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