Divórcio Potestativo: Fundamentos Jurídicos e Repercussões Práticas no Direito de Família
O divórcio potestativo é um dos institutos mais debatidos e emblemáticos do Direito de Família contemporâneo. Este artigo explora seus fundamentos legais, reflexos jurisprudenciais, impactos na advocacia, e nuances essenciais para quem busca atuação de excelência na área.
Conceito, Origem e Evolução do Divórcio Potestativo
O termo “divórcio potestativo” traduz a ideia de que a dissolução do vínculo conjugal é direito subjetivo de um dos cônjuges, exercível independentemente da anuência do outro. Ou seja, o Estado brasileiro não mais condiciona a manutenção do casamento à vontade recíproca das partes, refletindo o princípio da autonomia privada no âmbito das relações familiares.
A Constituição Federal de 1988 marca o afastamento da indissolubilidade do matrimônio, prevendo expressamente, em seu artigo 226, §6º: “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. A Emenda Constitucional nº 66/2010 aprofunda essa tendência ao eliminar requisitos temporais antes necessários, como prévia separação judicial ou de fato por determinado período. Desde então, basta a manifestação de vontade de um dos cônjuges (divórcio unilateral ou potestativo), para que ocorra a dissolução do vínculo.
Fundamentos Legais do Divórcio Potestativo no Brasil
O Código Civil, em seus artigos 1.571 e 1.582, disciplina a dissolução do casamento pelo divórcio, mas, após a Emenda 66/2010, deve ser lido em sintonia com o comando constitucional do art. 226, §6º. Houve, portanto, uma “constitucionalização” do divórcio, tornando obsoletos requisitos objetivos ou subjetivos que pudessem limitar o direito potestativo ao divórcio.
O procedimento pode ser extrajudicial (Lei 11.441/2007), quando não há filhos menores ou incapazes e consenso entre as partes, ou judicial, que admite tanto o divórcio consensual quanto o litigioso. A peculiaridade do divórcio potestativo reside justamente na possibilidade de um dos cônjuges, mesmo sem anuência do outro, obter a dissolução do vínculo conjugal, de modo unilateral.
Ausência de Requisitos para o Exercício do Direito
Com a evolução legislativa, deixaram de existir requisitos como tempo de casamento, prévia separação ou indicação de causa. Isto significa que não há necessidade de motivação ou justificação perante o judiciário: o simples exercício da vontade é suficiente.
Jurisprudência e Interpretação dos Tribunais
A jurisprudência consolidou a natureza potestativa do divórcio após a EC 66/2010. Os tribunais superiores rechaçam tentativas que busquem dificultar, condicionar ou sobrestar o divórcio pela discussão de outras matérias relacionadas, como partilha de bens, guarda ou alimentos. O Superior Tribunal de Justiça, por diversas vezes, reconheceu que o pedido de divórcio independe de discussão sobre aspectos patrimoniais ou pessoais pendentes.
O processo judicial de divórcio, mesmo litigioso, não pode ser retardado pela resistência do outro cônjuge. O entendimento dominante é que nenhum fundamento pode ser oposto para impedir a decretação do divórcio.
Separação dos Pedidos: Divórcio e Questões Acessórias
Outra nuance relevante: é plenamente possível — e recomendável — que o magistrado decrete desde logo o divórcio para dissolver o vínculo conjugal, relegando para momento posterior a apreciação de questões como guarda, alimentos e partilha de bens. Isso reforça a natureza potestativa e autônoma do divórcio em relação aos demais efeitos do término do matrimônio.
Implicações Práticas para a Advocacia
O divórcio potestativo transformou a atuação do advogado de família. O profissional precisa saber postular o divórcio imediato, com base apenas na manifestação de vontade do cliente, desatrelando o pedido da necessidade de qualquer justificativa ou suposto “culpa” do ex-cônjuge.
Além disso, a correta orientação quanto à possibilidade da decretação antecipada do divórcio, submetendo as demais controvérsias à instrução processual posterior, é essencial para resguardar os direitos do cliente e evitar interpretações restritivas na atuação jurisdicional.
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Aspectos de Estratégia Processual
Do ponto de vista prático, é necessário atentar para:
– Via judicial x extrajudicial: ainda que preferível pela via administrativa, casos de resistência ou existência de filhos menores impõem via judicial.
– Cumulação de pedidos: a decretação do divórcio pode ser pleiteada isoladamente ou cumular com guarda, alimentos e partilha, mas sua concessão não depende do deslinde das demais questões.
– Produção de provas: desnecessária para a decretação do divórcio, exceto para apreciação de outros pedidos acessórios.
Pontos Controvertidos e Tendências Atuais
Apesar do consenso quanto ao direito potestativo, alguns debates surgem na doutrina e prática:
– Oponibilidade de exceções processuais: questões como preexistência de união estável ou invalidade do casamento ainda podem ser discutidas, mas não impedem a decretação do divórcio, devendo ser tratadas incidentalmente.
– Princípios de proteção da criança e do adolescente: ainda que o divórcio seja decretado, eventual omissão ou insuficiência sobre questões de guarda e alimentos devem receber máxima atenção do Ministério Público e do Judiciário, para resguardar o melhor interesse dos filhos menores.
– Limites do direito potestativo: não há, de fato, óbice ao exercício do direito de pedir o divórcio — desde que realmente haja matrimônio válido e atual.
O Divórcio Litigioso Frente às Novas Perspectivas
Mesmo diante de contendas patrimoniais ou pessoais intensas, a dissolução do vínculo matrimonial deve ser imediata e irrefreável. O divórcio deixa de ser um instrumento de punição ou barganha, tornando-se mera expressão de liberdade individual.
O Futuro do Divórcio Potestativo e a Atuação Ética do Advogado
Diante do cenário atual, é crucial que o operador do Direito compreenda sua função social e ética no aconselhamento dos clientes. O divórcio passou a ser instrumento de pacificação e respeito à dignidade, afastando constrangimentos ou violações de direitos fundamentais.
A atuação responsável do advogado pode evitar constrangimentos, orientar para a autocomposição e assegurar que a dissolução ocorra da forma menos gravosa possível, sobretudo em situações de violência doméstica ou de vulnerabilidade das partes.
Impacto da Medida para o Direito Sucessório
Dissolvida a sociedade conjugal, cessam de imediato os direitos sucessórios entre ex-cônjuges, abrindo oportunidade para reorganização patrimonial, testamentos e outras medidas típicas do Direito das Sucessões. Dada a interação entre as áreas, estudar profundamente tanto Direito de Família quanto Sucessões é imprescindível para quem almeja excelência na área.
Desafios na Prática e Capacitação Profissional
A consolidação do divórcio potestativo requer atualização constante diante de possíveis mudanças legais e processuais, além do acompanhamento de entendimentos dos tribunais.
Expandir o domínio técnico nessa área, com base em cursos de pós-graduação voltados especificamente para o Direito de Família e Sucessões, torna-se não apenas diferencial competitivo, mas fator de responsabilidade social e profissional.
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Principais Insights sobre o Divórcio Potestativo
O divórcio potestativo reforça a autonomia da vontade na seara familiar.
A Emenda Constitucional 66/2010 eliminou requisitos formais, autorizando o divórcio unilateral, independentemente de motivação ou consenso.
Partilha de bens, guarda e alimentos podem ser discutidos posteriormente, sem impedir o divórcio imediato.
A atuação do advogado requer estratégia processual ajustada à nova realidade legislativa.
A atualização profissional contínua em Direito de Família é fundamental para atuar com segurança e excelência nesta área.
Perguntas e Respostas Frequentes
1. O divórcio potestativo pode ser negado pelo juiz se houver questões patrimoniais pendentes?
Não. O juiz deve decretar o divórcio imediatamente, relegando a partilha de bens, guarda ou alimentos para momento posterior do processo. O direito ao divórcio é autônomo.
2. A vontade de um só cônjuge basta para requerer o divórcio?
Sim. Após a EC 66/2010, a vontade unilateral de um dos cônjuges é suficiente para a dissolução do vínculo matrimonial.
3. O procedimento pode ser realizado extrajudicialmente mesmo se apenas um dos cônjuges quiser?
Não. O divórcio extrajudicial exige consenso. No caso de divergência, o procedimento adequado é o divórcio judicial litigioso.
4. É possível condicionar a decretação do divórcio à solução de questões relativas a filhos menores?
Não. Ainda que questões envolvendo filhos exijam cuidado especial, a sentença de divórcio não pode ser condicionada ao prévio ajuste destas matérias, que devem ser tratadas paralelamente.
5. O divórcio potestativo prejudica direitos dos filhos menores?
Não. O divórcio é questão dos cônjuges. Questões relativas a guarda, alimentos e visitas são apreciadas separadamente e com proteção integral aos direitos dos menores, inclusive com intervenção do Ministério Público quando necessário.
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Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm#art226
Este artigo teve a curadoria da equipe da Legale Educacional e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir do seu conteúdo original disponível em https://www.conjur.com.br/2025-out-09/divorcio-potestativo-sob-a-perspectiva-jurisprudencial/.