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Furto qualificado

Furto qualificado é uma forma de furto prevista no Código Penal brasileiro que se distingue do furto simples pela presença de determinadas circunstâncias que tornam o crime mais grave e, consequentemente, sujeitam o agente a uma pena mais rigorosa. O furto, por definição, é a subtração de coisa alheia móvel com a intenção de obter vantagem ilícita. Quando essa subtração é realizada com a incidência de qualificadoras previstas em lei, o delito passa a ser tipificado como furto qualificado.

O artigo 155 do Código Penal trata tanto do furto simples quanto do furto qualificado. As qualificadoras estão previstas no parágrafo quarto desse artigo e estão relacionadas a meios empregados na execução do crime ou a circunstâncias que envolvem o modo de agir do agente. Entre as principais formas de furto qualificado, destacam-se o rompimento de obstáculo para a prática do crime, o concurso de duas ou mais pessoas, o uso de chave falsa, o abuso de confiança, a fraude, a escalada, entre outras hipóteses.

Quando o furto é praticado com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa, por exemplo, considera-se qualificado porque o agente emprega meios que evidenciam uma maior determinação para concretizar o delito, além de demonstrar maior reprovabilidade em sua conduta. Da mesma forma, se o autor do crime faz uso de chave falsa ou mantém uma relação de confiança com a vítima e se vale dessa confiança para subtrair o bem, sua conduta ganha um grau de gravidade mais acentuado.

O Código Penal fixa para o furto simples uma pena de reclusão de um a quatro anos, além da multa. No caso do furto qualificado, a pena é significativamente aumentada, podendo variar de dois a oito anos de reclusão, além da multa. Essa variação indica que o legislador pretende responder com maior rigor às hipóteses em que a ação criminosa é realizada com maior periculosidade, planejamento ou abuso das circunstâncias.

Importa destacar que, diferentemente do roubo, o furto seja simples ou qualificado não envolve violência ou grave ameaça contra a pessoa. A qualificadora se refere exclusivamente aos elementos objetivos ou subjetivos que agravam a ilicitude do agir criminoso, como os métodos utilizados para violar a esfera patrimonial da vítima. Isso significa que, mesmo nos casos de furto qualificado, o emprego de força física é direcionado apenas contra coisas, como portas, cofres ou fechaduras, e não contra pessoas.

Outra característica importante é que para configurar o furto qualificado, não é necessário que o agente obtenha com sucesso a posse do bem subtraído. A simples tentativa de subtrair, com uma das qualificadoras presentes, já caracteriza o crime de furto qualificado na forma tentada, desde que se demonstre o início da execução do delito e os elementos qualificados estejam presentes no contexto da ação.

O furto qualificado também pode ser objeto de aplicação de causas de aumento ou diminuição de pena, conforme o caso concreto. Por exemplo, se o bem subtraído é de pequeno valor e o agente for primário, pode-se cogitar a aplicação do princípio da insignificância ou a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos. Contudo, a existência de qualificadoras geralmente limita essas possibilidades, uma vez que demonstram maior gravidade na conduta delituosa.

Em casos concretos, a análise sobre a ocorrência do furto qualificado depende do exame dos elementos da prova e das circunstâncias em que ocorreu o fato criminoso. A jurisprudência brasileira tem consolidado entendimentos quanto à aplicação ou não das qualificadoras, levando em consideração aspectos como a efetiva destruição do obstáculo, a eficácia da chave falsa ou a configuração do abuso de confiança.

Assim sendo, o furto qualificado representa uma categoria mais severa do crime de furto, refletindo a maior lesividade ou astúcia do agente na prática ilícita e buscando preservar com mais rigor o patrimônio das vítimas frente a condutas engenhosas ou especialmente reprováveis. A tipificação dessa modalidade visa não apenas punir de forma mais intensa o criminoso, como também prevenir a perpetração de delitos patrimoniais mais elaborados e nocivos à segurança jurídica da sociedade.

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