A ação trabalhista é o instrumento jurídico pelo qual o trabalhador, ou em algumas situações o empregador, busca junto à Justiça do Trabalho a resolução de um conflito que envolve direitos oriundos da relação de emprego ou qualquer situação regulada pela legislação trabalhista. A Constituição Federal e as leis infraconstitucionais asseguram aos trabalhadores inúmeros direitos, como salário, férias, horas extras, décimo terceiro salário, aviso prévio e a proteção contra a dispensa arbitrária. No entanto, em muitos casos, esses direitos podem ser desrespeitados, não reconhecidos ou até mesmo negados pelas empresas, o que leva o trabalhador a buscar o Poder Judiciário como forma de garantir que a legislação vigente seja devidamente cumprida.
A ação trabalhista é ajuizada junto a uma das Varas do Trabalho, que é a instância inicial da Justiça do Trabalho. Para ingressar com essa medida, o trabalhador não necessita apresentar custas judiciais no momento do protocolo da ação, pois na esfera trabalhista vigora o princípio do acesso facilitado à Justiça. É comum que a ação seja proposta pelo trabalhador acompanhado de um advogado ou por intermédio do sindicato ao qual pertence. Contudo, o advogado não é um requisito obrigatório para o ajuizamento, já que o jus postulandi – a faculdade de pleitear em juízo sem advogado – ainda vigora no Direito do Trabalho, especialmente para o empregado.
No curso da ação trabalhista, as partes envolvidas – o reclamante, que é quem propôs a ação, e o reclamado, que normalmente é a empresa – terão a oportunidade de apresentar suas versões dos fatos e provas. O empregador argumentará sua defesa, podendo incluir documentos, testemunhas e demais elementos que auxiliem sua tese. Da mesma forma, o empregado poderá trazer informações e documentos que sustentem suas alegações. A audiência de conciliação é uma etapa que ocorre logo no início do processo, buscando solucionar o conflito de forma consensual entre as partes. Caso a conciliação não seja concretizada, o processo segue para os trâmites usuais até o julgamento.
A sentença é o resultado do julgamento realizado pelo juiz na Vara do Trabalho, que pode reconhecer total ou parcialmente os pedidos do trabalhador ou rejeitá-los. Diante de um resultado considerado insatisfatório por qualquer das partes, ainda é possível recorrer às instâncias superiores, sendo elas o Tribunal Regional do Trabalho da respectiva região e, posteriormente, o Tribunal Superior do Trabalho, localizado em Brasília. O processo trabalhista também pode chegar ao Supremo Tribunal Federal, caso haja discussão de eventual violação de regra ou princípio constitucional.
No que diz respeito aos prazos, a ação trabalhista deve observar a prescrição estabelecida pelo ordenamento jurídico. Para ações relacionadas a verbas rescisórias ou outros aspectos decorrentes da relação de emprego, o prazo é de dois anos a partir do término do contrato de trabalho, estando limitado a reivindicar direitos relativos aos últimos cinco anos de prestação do serviço. Esse limite temporal é uma forma de garantir maior segurança jurídica tanto para o trabalhador quanto para o empregador.
Outro ponto relevante da ação trabalhista é o fato de que a Consolidação das Leis do Trabalho, conhecida como CLT, estabelece uma série de mecanismos que tornam essa medida judicial um meio acessível e célere para resolver disputas. Por exemplo, o processo é pautado pela simplicidade dos atos e pela informalidade, características que buscam tornar o procedimento mais ágil e compreensível para as partes. Nas últimas décadas, o Brasil observou mudanças significativas na legislação trabalhista, como a Reforma Trabalhista de 2017, que introduziu regras que impactaram de modo direto as ações judiciais. Dentre as alterações, está a possibilidade de condenação do trabalhador em honorários de sucumbência, algo que antes não era previsto, além de incentivos à conciliação e mediação como alternativas à judicialização.
Por fim, embora a ação trabalhista seja um direito fundamental do trabalhador, o ideal é que as relações entre empregador e empregado sejam cada vez mais pautadas pelo diálogo, respeito e observância das normas legais. Isso não apenas reduz a necessidade de intervenção judicial, mas também promove um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e justo para todas as partes envolvidas.